sábado, 20 de agosto de 2011

Meu Novo Mundo



Olá, pessoal!

Finalmente arrumei um tempinho pra escrever e vou contar um pouco de como foi a chegada e minha experiência em Dubai até agora.

O vôo:

Bom, infelizmente não tive mesma sorte que a galera que veio antes de mim pra Dubai e voei na classe econômica mesmo. Sentei mais pro fundo do avião onde só tem duas poltronas (meu assento era no corredor) e ao lado tinha uma japonesa que falava BEM POUCO português e ficava puxando assunto comigo pra praticar o ‘’pourtugueji néh’’ – isso mesmo, ela falava bem puxado, não parava de sorrir e balançava a cabeça compulsivamente em concordância com tudo o que eu falava. Depois desse vôo (14h40m de viajem) ela ia descer em Dubai e pegar uma conexão pra Osaka (mais 9hs – argh). Praticamente 1 hora depois da decolagem, e quando ela finalmente parou de falar, eu olhei pro lado e a guria já tava dormindo, com a cabeça pingando tipo aquele povo que dorme pesado no busão. E por incrível que pareça, todos os japoneses (ou orientais, sei lá) fizeram o mesmo – foi cômico.

Um dos japoneses, sentando mais lá pra frente estava bêbado e ficava gritando umas coisas na língua dele lá. Os comissários vinham toda hora pra dar um jeito de acalmá-lo e para que ele não incomodasse os demais passageiros, fora isso as pessoas eram ‘comportadas’.

Em relação ao avião e serviço da Emirates, realmente eles fazem jus ao nome; é tudo muito incrível, o avião é mega equipado com luzes que simulam o nascer do sol (quando eles servem o café da manhã), dia (almoço), final da tarde (café da tarde) e a noite é uma luz azulada com estrelas no teto – incrível! O sistema de entretenimento tem várias opções; vídeo-games, filmes (inclusive em cartaz no cinema), seriados, programas de TV de todo o mundo (no brasileiro era ‘A grande familia’), distância e visão no mapa, trajeto, etc.. etc.. etc... A comida também é sensacional e o serviço de bordo ótimo, apenas uma brasileira trabalhando, o resto da equipe era composta por 14 nacionalidades diferentes.

Os comissários ficaram sabendo que nós (Grazi, Fabio, Eu e Marcela (paraguaia)) estávamos indo pra trabalhar e nos mostraram a business e a first class – wow, a first class é MUITO incrível, luxo total com cama de massagem, chuveiro e tudo mais.

Tivemos algumas turbulências, umas até que meio fortes quando estávamos no meio do oceano (...something – sei lá qual era, rsrs), mas foi tranqüilo e o pouso foi perfeito.

Chegada:

Chegamos em Dubai perto das 23h (local time) e todo mundo ficou boquiaberto quando entramos no aeroporto... é MUITO grande, MUITO moderno e MUITO luxuoso. Fomos ao encontro da galera da Emirates que nos esperava no aeroporto pra nos dar instruções, os chamados ‘Marhaba’ (Bem vindo em árabe). Era uma mulher (com um nariz enorme e cara de turca, mas acho que ela era de Dubai mesmo) que recebeu o nosso grupo, nos recebeu super bem e começou a nos guiar. Daí então a gente já começou a notar as coisas que, pra nós, são estranhas; pessoas de burca, algumas com a cara toda coberta, algumas só metade, outras usando um tipo de mascara de couro cobrindo as sobrancelhas e com um fio que descia pelo nariz e depois fazia um formato de bigode (daqueles coloniais) cobrindo a boca – realmente bem bizarro, mas nós... fingindo que era tudo normal, afinal de contas, temos que respeitar todas as culturas.

Alfândega é sempre meio chato, e o carinha da alfândega (fantasiado de sheik – rs) foi meio ríspido conosco, mesmo sabendo que éramos ‘Emirates Crews’, mas depois de algumas perguntas e verificação de papéis, carimbou o passaporte e nos deixou entrar.

Pegamos nossas malas, recebemos algumas instruções sobre nossa agenda (no escritório da Emirates dentro do aeroporto) e chegaram os motoristas pra pegar as nossas malas e nos levar pra casa – detalhe: a maioria indianos... oh povinho fedido!

Agora vem a primeira realidade de Dubai: Quando as portas se abriram e fomos pra fora em direção aos carros, a nossa reação foi: O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? Um calor que eu nunca havia sentido antes (isso já era mais de 1am). Até pra respirar no começo é meio difícil, venta bastante, mas o ar é meio cortante e nada de humidade... sabe quando sua mãe pede pra você olhar se o bolo tá bom, vc abre a porta do forno pra ver e vem aquela baforada quente? È daquele jeito, só que constante. Percebendo o meu espanto, o motorista indiano olhou pra mim e rindo disse (com sotaque carregado): - Is is okay for you, sir? (Ta tudo bem?) . Eu respondi: - Muito quente aqui, dificil até pra respirar’. Então pra ‘me acalmar’ ele falou que ainda tava fresco e durante o dia as coisas ficam ainda mais quentes... e realmente ficam, eu não consigo ficar lá fora por mais de 10minutos, logo quando saio do ar condicionado, já começo a suar e reclamar – Juro... é instantâneo, o calor te envolves dos pés a cabeça, não é gradativo, de repente vc já ta com MUITO calor - rsrs!

Acomodação:

Moramos em lugar meio distante da cidade, em um bairro chamado Nad AL Sheba, onde não tem nada em volta. Segundo o motorista, aqui é um dos lugares mais caros em Dubai porque está em desenvolvimento e os grandes projetos de mega mansões, prédios e centros comerciais pra essa região são ‘revolucionários’, mas isso somente em alguns anos, por enquanto estamos longe. Mas a Emirates tem ônibus saindo de 30 em 30 minutos (grátis pra nós) pro shopping e pro centro da cidade.

Ao chegar aqui no prédio, nos deram as chaves algumas instruções e os nossos celulares, pelo fato de ser um bairro novo, não temos internet nos apartamentos ainda, somente no lobby e a conexão não é lá essas coisas...

Hooowever, o apartamento é incrível... todo mobiliado já, meu quarto é enorme com uma cama king size, um mega guarda-roupa e um banheiro, tudo com ar condicionado (como tudo em Dubai, até ponto de ônibus).

Bom... tem bastante novidade ainda, mas vou ficar aqui escrevendo até amanhã, então depois eu mando mais noticias...

Resumão: To adorando e já conheço gente de pelo menos 11 países diferentes! =D

Abraços e até logo!

18/08

Pessoal, continuando e-mail:

Morar aqui neste apartamento é muito tranqüilo. É tudo muito novo e equipado com materiais de ótima qualidade, desde as panelas até a geladeira ou outros utensílios, tipo lavadora e secadora (sim, graças ao bom Deus temos uma aqui dentro). Tivemos problemas com o fogão, na verdade não sabiamos como ligar mesmo – rsrs – mesmo seguindo as instruções, o maldito não ascendia, mas tinha um botãozinho que tinha que apertar lá, só da primeira vez que usássemos - resolvido!

As pessoas mais novas estão sendo alocadas a estes prédios, um conjunto chamado Sarab Building, eu tive a sorte de estar no SARAB 2 onde tem um mini-shop (vendinha) com coisas básicas e acesso à internet no lobby.

Hoje finalmente tive tempo de tirar tudo da mala e colocar no guarda-roupa, gavetas e cabides... minhas roupas não encheram nem a metade desses guarda-roupas enormes, mas com o tempo tenho certeza que vai ficar pequeno! =x

A Daiane (brasileira que está aqui há duas semanas) veio aqui hoje e enquanto eu organizava algumas coisas, ficamos conversando sobre o treinamento, ela me deu várias dicas sobre os testes, as provas e etc. Estávamos na sala quando de repente começou a tocar uma sirene e uma voz alta pedindo pra evacuarmos o prédio, saímos pra ver o que estava acontecendo e era o alarme de incêndio... os elevadores escritos ‘fire’ no painel, luzes de emergência piscando, a sirene tocando e dos alto falantes nos andares dizendo primeiro em Árabe e depois em inglês, que eu só entendi: this is not a simulation, evacuate – evacuate! Minha cara: O.O. Daí nós entramos no apto. de novo correndo pra pegar passaporte e objetos de mais valor e descemos pelas escadas pro lobby, no caminho encontramos uns indianos do staff correndo e perguntamos se estava tudo bem, eles meio que nos ignoraram e continuaram correndo e gritando: "Go downstairs". Quando chegamos no lobby todo mundo estava lá e o segurança tinha acabado de receber a informação de que estava tudo bem, alguém fumou no corredor do segundo andar e disparou o alarme de incêndio. Uffa!

Neste dia, saímos pra jantar (Eu, Daiane e Paula) no caminho encontramos um bando de gringos que acabaram se juntando a nós. A garota da Republica Tcheca dançava mesmo sem musica e ficava gritando e rindo pra todo mundo, não estava bêbada!

Fomos em um bar onde tinha bastante gente do mundo todo (como a maioria dos lugares em Dubai), pedi um frango com um arroz pra comer e estava uma delicia, temperado com algumas ervas e o molho agridoce muito bom. Tinha também aquelas comidas com nomes estranhos, mas eu vi ‘’Chicken’’ e já escolhi esse mesmo.

Na volta, vieram mais algumas pessoas com a gente, quanto mais em um taxi melhor pra rachar a corrida (hehe), mas tinha uma menina da Sérvia que estava meio bêbada e aqui, se o taxista achar que o passageiro está muito bêbado, ele pode te levar pra uma delegacia e lá a policia não é nada simpática. São bem severos com essa coisa do consumo de álcool. Então pedimos educadamente pra sérvia CALAR A BOCA, porque não queríamos ir em cana – deu tudo certo!





19/08

Hoje acordei as 12h00 e me arrumei correndo pra ir no Emirates Mall, este é o shopping onde tem a pista de ski, o lugar é realmente incrível, as lojas são super modernas, bonitas e com coisas bem legais. Tem um piso que é só pras marcas mais famosas (e caras) como D&G, Gucci, Armani e etc. É um shopping bem internacional, com marcas do mundo todo, o que é legal e nos faz sentir um pouco mais habituados com a situação. Porém, a todo tempo vemos mulheres de burca ou homens usando aquelas vestimentas brancas, o que nos faz lembrar onde estamos. Eu achei engraçado quando vi um mulher que aparentava uns 50anos, vestindo burca e usando um IPad, foi meio que um contraste e quebrou mais um estereótipo construído por mim.

Parte ruim: Aqui estamos no mês do Ramadan, que é um mês sagrado pra eles e, de acordo com o islamismo, durante este mês todos tem que jejuar do nascer ao pôr do sol. Comer em publico é proibido e se você for pego comendo, podem te chamar a atenção. Como eu acordei e fui direto pro shopping eu estava com muita fome e havia esquecido deste detalhe... resultado: jejuei também! =s

Os restaurantes só servem comida pra viajem e a maioria fica de portas fechadas, perguntei pra um funcionário de um restaurante se não tinha um lugar escondido onde poderíamos comer e ele meio que cortando a minha pergunta disse: ‘’No hidden place, sir! No eating, no eating’’ (Sem lugar escondido, não comer, não comer). Os argentinos levaram umas bolachas e foram comer no privativo do banheiro.

O jejum acaba as 18h45, depois de fazer as compras (já falo das compras) fomos procurar um lugar pra comer, eram 18h40 e a praça de alimentação estava abarrotada de gente na fila esperando pelas exatas 18h45 quando os restaurantes começariam a servir. Quando deu o horário, parecia que alguém tinha gritado ‘’1..2..3 e já!’’e daí as pessoas começaram a fazer o pedido e depois comer. Nós, como bons latinos influenciados pela cultura americana, fomos ao Mc. Donalds (amo muito tudo isso). Pedi um Big Mac e Mc Flurry, tudo igual ao nosso mesmo!

As compras:

Bom, chegamos ao Carrefour pra comprar as coisas faltantes pro apartamento e mantimentos básicos. Era uma sexta-feira (equivalente ao nosso sábado, visto que o final de semana aqui é sexta e sábado) e o mercado estava lotado, pessoas de todos os lugares do mundo e foi legal ficar observando as diferenças culturais durante um tempo, os Indianos e Árabes são, aos meus olhos, os mais diferentes da nossa cultura, principalmente por causa da vestimenta e os europeus branquelos também fazem a festa aqui.

No mercado havia produtos de vários lugares do mundo, mas a maioria é claro que era de coisas locais, ficamos um pouco perdidos pra achar o que queriamos, no final das compras eu estava com dor de cabeça de ficar tentando entender certos produtos e tomar cuidado pra não acabar pegando... sei lá... carne de camelo... hehe! (Sim – tem carne de camelo, bife, pra vender).

Graças à Deus pela globalização - Como Dubai é uma cidade realmente muito diversificada, achamos até que bastante coisa lá, vindas de lugares diferentes, mas realmente não é a mesma coisa que no Brasil e já to sentindo um pouco de falta da nossa comida. Eu que sou viciado em leite, me ferrei! O leite daqui é pastoso, denso e tem um gosto estranho, meio amargo ou azedo e não adianta ferver! Blégh... mas mesmo assim eu to bebendo, porque é o tem pra hoje! =(

Na volta pegamos um taxi, o taxista se perdeu e deu uma voltinha pra chegarmos mas tudo bem. Quando já no complexo da Emirates (Sarab Buildings) paramos pra perguntar pra um cara na rua qual daqueles prédios era o nosso, então a Argentina abriu o vidro e perguntou a um indiano: Do you know where is Sarab 3? Ele fez cara de interrogação e ela repetiu devagar: SARAB 3(com bom sotaque americano), ele não entendeu de novo, então o taxista disse a mesma coisa com sotaque indiano (Sarrrab 3) e ele então balançou a cabeça indicando que havia entendido e nos explicou (em híndi) qual era o prédio... rimos muito, porque a única diferença foi o ‘r’ puxado que o taxista usou pra pedir a informação e daí então ele entendeu!

20/08

Hoje acordamos cedo pra ir ao hospital e fazer alguns exames pra imigração, pegamos o ônibus e lá fomos nós. Todo mundo falava mal deste hospital, que pelo fato de ser publico (exigência do governo para migração), tinha muito indiano (repetindo: ô povo fedido) o lugar era bem sujo e cheirava muito mal, porém como hoje é sábado, acho que limparam o hospital pra nos receber e, quando chegamos, não tinha ninguém, além de nós (Emirates Crews). Recolheram amostras de sangue e tiraram raio-x do pulmão, tudo meio precário, mas ainda sim melhor que os hospitais públicos do Brasil. Logo quando eu estava saindo da sala de Raio-X entraram alguns indianos pra tirar raio-x também e tem uma sala onde temos que tirar a camiseta, entraram uns três lá e eu tava colocando minha camiseta... eles ficaram olhando com uma cara assustada pra mim (acho que investigando se eu era indiano também e se perguntando por que eu estava usando roupas ocidentais, foram tirando a parte de cima da vestimenta deles... eu tapei a respiração e saí o mais rápido que podia, se alguém levantasse o braço e sem camiseta ali, eu desmaiava... argh!

O bairro em que fica situado o hospital é um lugar pobre, parece aquelas republicas velhas ou quando vimos algumas noticias sobre países árabes e refugiados. São vários prédios tipo Singapura, alguns sem ar condicionados e todos com roupas, tapetes nas grades... alguns sem ar condicionado com as janelas abertas...

Voltamos pro apto e logo quando chegamos vimos um monte de camelos perto do prédio, todo mundo correu em direção pra tirar fotos. A areia tava tão quente que descolou o solado do meu tênis. Depois fomos almoçar no apto do Argentino e agora a tarde vou descansar um pouco...



É dificil mandar fotos porque a internet aqui, como já disse antes, é muito lenta! Vou tentar postar alguma coisa no Facebook, daí vocês vêem!

Abraços!



Um comentário:

  1. Situações inusitadas, divertidas, apimentadas, insossas, tristes, únicas... É a fusão de todos esses ingredientes que fazem da receita "Viagem pelo Mundo" uma iguaria que ignora os idiomas e agrada a todos os paladares!

    Saboreie, Endrigo. =)

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